quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

NO PASSADO: DO CAMPO PARA A CIDADE

  No Brasil, entre os anos 1880 e 1920, os cafeicultores, proprietários das grandes fazendas, eram conhecidos como os ''barões do café''. Embora a fonte de suas riquezas estivessem no campo, uma parte importante de seus negócios era feita na cidade, pois era ai que tratavam da comercialização do café e de sua exportação, negociavam com os bancos e compravam produtos como o sal, a pólvora, os tecidos importados para a confecção de roupas e as louças de porcelanas para abastecer suas fazendas.
  Percebendo que suas atividades nos centros urbanos ocupavam a maior parte seu tempo, os barões do café passaram a investir nas construções de casarões e modificaram sua rotina: passaram a morar na cidade, indo para o campo somente para fiscalizar a produção de café.
  As ruas da cidade naquela época eram estreitas e não tinham calçamento, as casas eram muito simples e antigas, não havia um sistema de abastecimento de água e de iluminação para atender a grande parte da população. Havia um pequeno comércio que supria a população local e a da fazenda.
  Com a chegada dos barões do café, muita coisa mudou no espaço urbano: foram criadas grandes avenidas com iluminação pública. Palacetes, teatros, pontes e viadutos foram construídos. Linhas de bonde foram instaladas e surgiram novos bairros.
  Quando mais novidades chegaram as cidades, mais as pessoas se encantavam e se sentiam modernas, orgulhosas de sua nova condição. Aqueles que ficaram no campo eram vistos como ''atrasados''.
  Algumas cidades cresceram bastante, surgiram as primeiras indústrias e o Brasil passou a produzir vidros, tecidos de algodão, fósforos e materiais de construção. Surgiram também as primeiras cerrarias e indústrias de fundição.

RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO: AS GRANDES CIDADES DA ÉPOCA DO CAFÉ

  Como a exportação de café gerava riquezas para os cafeicultores, os portos eram muito importantes. Era por meio deles que saiam, em direção aos outros países, navios lotados com o café e chegavam navios carregados de mercadorias.
  Por isso, ao longo do tempo, a cidade do Rio de Janeiro, por ser portuária, e a cidade de São Paulo, por estar próxima ao porto de Santos, tornaram-se grandes centros econômicos.

A CIDADE DO RIO DE JANEIRO ENTRE 1870 E 1920


A cidade do Rio de Janeiro cresceu consideravelmente com a riqueza gerada pela produção de café. A partir de 1901, a cidade sofreu uma grande reforma urbana para atender a população mais rica da época.
  Um grupo de engenheiros, que estudou o projeto de reforma urbano da cidade de Paris, elaborou um plano de urbanização para o Rio de Janeiro. Novas avenidas foram abertas, ruas foram alargadas, velhos edifícios foram derrubados para dar lugar para os novos.

A CIDADE DE SÃO PAULO ENTRE 1870 E 1920

  Na cidade de São Paulo também ocorreram muitas mudanças: antigas ruas e calçadas foram alargadas, novas ruas foram abertas, instalou-se a iluminação a gás, a rede de água e esgoto foi ampliada. O transporte público se modernizou com o uso de bondes puxados por animais, que, mais tarde, foram substituídos por bondes elétricos.
  As antigas chácaras passaram a ser loteadas, formando bairros residenciais de auto padrão, como Higienópolis e Pacaembu.
  Foi nessa época que a avenida paulista, em São Paulo, tornou-se um símbolo de poder com os casarões dos barões do café. Também foi construído o teatro municipal, famoso por sua arquitetura clássica e pelos seus espetáculos que proporcionou para a população da época.

NEM TODOS SE BENEFICIARAM COM A REFORMA URBANA

  Nas cidades grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro, muitas famílias de trabalhadores moravam em cortiços ou em casas de cômodos, que eram casarões decadentes que tinham seus vários quartos alugados.
  Nessas moradias, geralmente havia apenas um banheiro e uma lavanderia que eram usados por todos. As pessoas viviam juntas em espaços pequenos, sem ventilação e sem condições de higiene.
  Com as mudanças que os cafeicultores fizeram no espaço urbano, essa população foi expulsa para os bairros afastados do centro da cidade - a periferia -, lugar desprezado pelos mais ricos. Muitas casas de trabalhadores ficaram próximas aos rios e, no tempo de chuva, sofriam com as inundações.
  A maior dessa população era composta de operários que trabalhavam nas fábricas. Como não tinham dinheiro, não podiam praticar do mesmo lazer que os ricos e aproveitar as novidades que chegavam de fora do país. Essas pessoas moravam mal, trabalhavam muito e ganhavam pouco.
  Dessas famílias muitas vezes, as crianças entre 9 e 10 anos já trabalhavam de 12 horas por dia para ajudar na renda familiar.
  Os meninos trabalhavam nas vidrarias soprando vidro derretido, engraxavam sapatos e faziam pipas para vender.
  As meninas trabalhavam em oficinas de costura, varrendo salas e juntando alfinetes, ou em casa de famílias, como empregadas domésticas. Caso não fizessem o serviço bem-feito, eram castigadas.
  Essas crianças, por causa do excesso de trabalho adoeciam. Muitas ficavam com Tuberculose, uma doença mortal na época.
  

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